Páginas

News

Escrevi sobre Sónia H.

“Finalmente estou em Lisboa. Ah! A minha cidade de luz à beira-rio! Algumas coisas mudaram aqui e eu inspiro e saboreio o forte odor a mar e peixe assado. Ando devagar pelas ruas antiquíssimas, tocando as frases criminosas e os corações desenhados nas paredes e nos muros. Separadores de vidas. Chego a um pequeno recanto conhecido e deito-me no banco de pedra. Lembro-me de estar aqui com o Lefti, depois do seu SVE em Palmela e meio ano de vida em Lisboa… como é difícil partir, penso. Tenho o Tejo ao fundo da vista e, de repente, as casas escarpadas em metamorfoses perfeitas trazem-me à memória as montanhas e vales de uma outra cidade que corre atrás de um rio. Neste sitio a relva cresce sozinha, recheada de pequenas flores amarelas e rosa e, as grandes árvores florestais desaparecem no nevoeiro matinal. Innsbruck é a seis horas de viagem da minha casa, mas foi onde me apaixonei pela Àustria. Encontrei-me aqui com nove pessoas de outras terras, seis meses depois de nos conhecermos. Éramos doze, da primeira vez. Cada qual com o seu sorriso, as suas nóias, as suas vidas, aqui todas juntas pela mesma causa e por muitas razões diferentes. Muitas procuras e muitas descobertas. O SVE é assim uma espécie de tempo de guerra e o nosso Midterm Trainning foi uma semana de bandeira branca, cheia de emoções.
Fecho os olhos e estou nesta cidade, deitada num banco de madeira ao sol. Ao longe ouço o sino de uma igreja e o vento a passar pelas folhas das árvores. Vejo algumas que se deixam levar numa nova viagem, partindo, com ou sem destino. Assim como nós nos sentimos aqui agora.
O Al Berto dizia-me há alguns anos que o regresso era impossível e só agora percebo.
Nunca somos nós que voltamos. Somos tantas outras pessoas e paisagens.”

Sem comentários:

Enviar um comentário